Conheça os 8 tipos de Depressão e seus sintomas

Imagine que você ou alguém que você goste recebeu o diagnóstico de depressão. No entanto, simplesmente dizer que têm depressão pode ser muito vago.

Entender qual é o tipo de depressão ajuda o profissional escolher a melhor forma de tratamento. 

Você pode se perguntar: "qual tipo de depressão?". Sim, já ouviu falar que existem 8 tipos de depressão? 

Se não sabia, confira nosso artigo de hoje que é sobre isso que iremos conversar. 

Entendendo a depressão

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Antes de começar preciso te contar que um episódio de depressão aguda e tristeza não são a mesma coisa. 

O transtorno depressivo é um distúrbio de humor que afeta como uma pessoa pensa, sente e se comporta. 

É algo mais complexo. 

Os sinais e sintomas da depressão podem variar de desesperança e fadiga, além de sintomas como perda de interesse na vida, dor física e até pensamentos suicidas. 

Sem dizer a importância de classificar a depressão leve, moderada e grave

O que é Depressão?

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A definição de depressão do DSM-5 (O manual científico que auxilia no diagnóstico de doenças emocionais) afirma que, se uma pessoa apresentar esses sintomas por um período de duas semanas, o indivíduo está passando por um episódio depressivo.

Existem tipos diferentes de depressão, alguns dos quais são causados ​​por eventos em sua vida e outros por alterações químicas no funcionamento de nosso cérebro. 

Quais são os sintomas da depressão?

Além do estado deprimido (sentir-se deprimido a maior parte do tempo, quase todos os dias) e da anedonia (interesse e prazer diminuídos para realizar a maioria das atividades) são sintomas da depressão:

  • Alteração de peso (perda ou ganho de peso não intencional);
  • Distúrbio de sono (insônia ou sonolência excessiva  praticamente diárias);
  • Problemas psicomotores (agitação ou apatia psicomotora, quase todos os dias);
  • Fadiga ou perda de energia constante;
  • Culpa excessiva (sentimento permanente de culpa e inutilidade);
  • Dificuldade de concentração (habilidade diminuída para pensar ou concentrar-se);
  • Ideias suicidas (pensamentos recorrentes de suicídio ou morte);
  • Baixa autoestima,
  • Alteração da libido.

Muitas vezes, no início, os sinais da depressão podem não ser reconhecidos. Mas sempre precisamos estar atentos sobre possíveis pensamentos a ideias suicidas ou de autodestruição.

Além disso, condições médicas (por exemplo, problemas de tireóide, um tumor cerebral ou deficiência de vitamina) podem imitar sintomas de depressão, por isso é importante descartar causas médicas gerais.

Tipos de Depressão

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Depressão Maior

A depressão maior é o tipo de depressão mais popular e também conhecida como depressão clássica ou depressão unipolar.

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É bastante comum - cerca de 12 milhões de brasileiros sofreram pelo menos um episódio depressivo maior.

Pessoas com depressão maior apresentam sintomas durante boa parte do dia, todos os dias. Mesmo que você não tenha uma razão óbvia para a sua depressão, isso não significa que você esteja imune a ela. 

A depressão maior possuem sintomas que podem ir de leves ao grave como: 

  • desânimo ou tristeza
  • dificuldade em dormir ou dormir demais
  • falta de energia e fadiga
  • perda de apetite ou excessos
  • dores no corpo de forma inexplicável, como dor de cabeça e dor muscular. 
  • perda de interesse em atividades anteriormente prazerosas
  • falta de concentração, problemas de memória e incapacidade de tomar decisões
  • sentimentos de inutilidade e desesperança
  • preocupação e ansiedade constantes
  • pensamentos de morte, automutilação ou suicídio

Esses sintomas podem durar semanas ou até meses. Algumas pessoas podem ter um único episódio de depressão maior, enquanto outras experimentam isso ao longo da vida. 

Independentemente de quanto tempo duram os sintomas, a depressão maior pode causar problemas em seus relacionamentos e atividades diárias.

Uma variedade de opções de tratamento está disponível para o transtorno depressivo maior, incluindo psicoterapia, medicamentos antidepressivos, terapia cognitivo-comportamental (TCC), terapia eletroconvulsiva (ECT) e tratamentos naturais. 

O plano de tratamento será diferente para cada pessoa, dependendo das necessidades individuais e classificação entre depressão leve, depressão moderada ou depressão grave.

Embora o melhor "tratamento" para o transtorno depressivo maior seja considerado uma combinação de medicação e terapia.

Depressão persistente

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Transtorno depressivo persistente é uma depressão que dura dois anos ou mais. É também chamado de distimia ou depressão crônica

A depressão persistente pode não parecer tão intensa quanto a depressão maior, mas ainda pode prejudicar os relacionamentos e dificultar as tarefas diárias.

Alguns sintomas de depressão persistente incluem:

  • tristeza profunda ou desesperança crônica
  • baixa auto-estima ou sentimentos de inadequação
  • falta de interesse em coisas que você já gostou
  • mudanças de apetite
  • alterações nos padrões de sono ou baixa energia
  • Irritabilidade ou impaciência
  • problemas de concentração e memória
  • dificuldade de funcionar na escola ou no trabalho
  • incapacidade de sentir alegria, mesmo em ocasiões felizes
  • retraimento social

Quem sofre de distimia pode ser visto como sombrio, pessimista ou queixoso, quando na realidade estão lidando com uma doença mental crônica. A questão é que muitas vezes a distimia é vista como uma depressão funcional. 

Os sintomas da distimia podem ir e vir ao longo do tempo, e a intensidade dos sintomas pode mudar, mas os sintomas geralmente não desaparecem por mais de dois meses por vez.

Algumas pessoas também apresentam episódios de depressão maior antes ou enquanto apresentam transtorno depressivo persistente (distimia). Isso é chamado de depressão dupla.

A depressão persistente tende a durar anos, então as pessoas com esse tipo de depressão podem começar a sentir que seus sintomas são apenas parte de sua visão normal da vida. O que é perigoso pois a distimia também tem tratamento.

Alguns pacientes dizem que sentem que sua vida ocorre como se tivessem puxado o freio de mão, nunca se sentem leves.

Depressão Pós-parto

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Sentimentos tristes e crises de choro que se seguem ao parto são conhecidos como os “baby blues”. 

Essa sensação popularmente conhecida como "baby blues" é comum e tende a diminuir dentro de uma semana ou duas após o parto. Entretanto, esse tipo de tristeza é frequentemente atribuído às dramáticas mudanças hormonais que se seguem ao parto. 

Cerca de uma em cada sete mulheres experimentará algo mais extremo do que o típico "”baby blues". No entanto, as mulheres que dão à luz e lutam com tristeza, ansiedade ou preocupação por várias semanas ou mais podem ter depressão pós-parto (DPP). 

Os sinais e sintomas da DPP incluem:

  • Sentir-se deprimida durante a maior parte do dia por várias semanas ou mais
  • Sentir-se distante e afastado da família e dos amigos
  • Perda de interesse em atividades (incluindo sexo)
  • Mudanças nos hábitos de comer e dormir
  • Sentindo-se cansada a maior parte do dia
  • Sentindo raiva ou irritação
  • Ter sentimentos de ansiedade, preocupação, ataques de pânico ou pensamentos acelerados

Depressão Psicótica 

Alguns pacientes com qualquer outro tipo de depressão também passam por períodos de perda de contato com a realidade. 

Isso é conhecido como psicose, que pode envolver alucinações e delírios. 

Cerca de 20% das pessoas com depressão apresentam episódios tão graves que desenvolvem sintomas psicóticos.

Experimentar depressão e psicose  é conhecido clinicamente como transtorno depressivo com características psicóticas. No entanto, alguns profissionais ainda se referem a esse fenômeno como psicose depressiva ou depressão psicótica.

Alucinações são quando você vê, ouve, cheira, degusta ou sente coisas que realmente não estão lá. Um exemplo disso seria ouvir vozes ou ver pessoas que não estão presentes. 

Uma ilusão é uma crença íntima que é claramente falsa ou não faz sentido. Mas para alguém que sofre de psicose, todas essas coisas são muito reais e verdadeiras.

Os primeiros sinais de psicose incluem desconfiar excessivamente de outros, isolamento social, emoções intensas e inapropriadas, problemas para pensar com clareza, redução da higiene pessoal e queda no desempenho no trabalho ou na escola.

Uma pergunta muito frequente é se a depressão psicótica pode virar uma esquizofrenia. 

A resposta é não. 

Tenho que esclarecer que a  depressão é um distúrbio de humor e a esquizofrenia é uma doença psicótica.

Por outro lado, indivíduos com esquizofrenia podem ficar deprimidos. 

Depressão Sazonal

Você sabia que em cidades brasileiras em que temos muito períodos de escuridão, principalmente no inverno, podemos nos sentir mais deprimidos? 

Se você sentir depressão, sonolência e ganho de peso durante os meses de inverno, mas se sentir perfeitamente bem na primavera, poderá ter uma condição conhecida como transtorno afetivo sazonal (SAD).

Acredita-se que essa situação seja desencadeada por um distúrbio no ritmo circadiano normal do corpo. Na prática percebemos que é uma depressão leve mas nem por isso não merece tratamento, pois o quadro pode se agravar. 

A luz que entra pelos olhos influencia esse ritmo, e qualquer variação sazonal no padrão noite e dia pode causar uma perturbação que leva à depressão.

Hoje em dia existe até terapia baseada na luz para melhorar os sintomas de depressão sazonal

Os planos de tratamento para transtorno afetivo sazonal (SAD) podem incluir medicação, psicoterapia, terapia com luz ou uma combinação dessas opções para gerenciar os sintomas da depressão. 

Um psicoterapeuta pode ajudá-lo a identificar padrões de pensamento e comportamento negativos que afetam a depressão, aprender maneiras funcionais de lidar com os sintomas e instituir técnicas de relaxamento que podem ajudá-lo a restaurar a energia perdida.

Depressão devida a outra condição médica

Algumas doenças clínicas como hipotireoidismo, tumores e algumas demências do envelhecimento podem causar depressão. 

Isso sinaliza a importância de uma avaliação médica para um correto diagnóstico de depressão e seu melhor tratamento. 

A característica essencial do Transtorno do Humor Devido a uma Condição Médica Geral é uma perturbação proeminente e persistente do humor, considerada como sendo decorrente dos efeitos fisiológicos diretos de uma condição médica geral.

Nessas situações quando tratamos essa condição médica é provável que os sintomas de depressão se reduzam ou até desapareçam.  No dia a dia a doença mais comum que pode gerar sintomas de depressão é o hipotireoidismo

Os hormônios tem um papel importantíssimo em no nosso humor e nos níveis de depressão que uma pessoa pode enfrentar, por isso o equilíbrio dessas substâncias é extremamente necessário. 

Transtorno Disfórico Pré Menstrual

Para a maioria das mulheres, a tensão pré-menstrual é uma parte desagradável, mas suportável do ciclo de cada mês. 

Porém, 5% das mulheres em idade fértil têm sintomas severos.

Entre os sintomas mais comuns da síndrome pré-menstrual (TPM) estão irritabilidade, fadiga, ansiedade, mau humor, inchaço, aumento do apetite, desejos de comer muito, dores pelo corpo e sensibilidade mamária.

O transtorno disfórico pré-menstrual (TDPM) produz sintomas semelhantes, mas os relacionados ao humor são mais pronunciados.

Os sintomas de TDPM podem incluir:

  • Fadiga extrema
  • Sentindo-se triste, sem esperança ou autocrítico
  • Sentimentos graves de estresse ou ansiedade
  • Mudanças de humor, geralmente com crises de choro
  • Irritabilidade
  • Incapacidade de concentração
  • Desejos de comida  de forma muito intensa

Alguns pacientes descrevem a TDPM como uma "fúria sem motivo" que surge nos períodos pré menstruais e de forma cíclica mensal. 

Os sintomas geralmente começam de 7 a 10 dias antes da menstruação e diminuem de intensidade alguns dias após o início do período. Os sintomas desaparecem completamente até a próxima fase pré-menstrual.

Para os sintomas do TDPM relacionados ao humor e à ansiedade, pode ser prescrito um grupo de antidepressivos ISRS. 

Depressão Atípica

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Não é um tipo de depressão classificado no Manual de Diagnóstico de Transtorno Mentais DSM-V, porém ainda é muito utilizado em nosso meio.

A depressão atípica é diferente da tristeza persistente ou desesperança que caracteriza a depressão maior.

Normalmente na depressão maior alguns pacientes dormem muito pouco, já na depressão atípica o paciente dorme demais. 

Outro padrão atípico é a alimentação que na depressão clássica configura-se com a redução do apetite, já na depressão atípica o paciente pode comer compulsivamente

A depressão atípica não é fácil de diagnosticar. 

Muitas pessoas não estão cientes de que a sofrem porque, ocasionalmente, podem experimentar uma certa positividade. 

No entanto, logo retornam o mau humor, o desânimo e aquela angústia que obscurece tudo.

A depressão tem cura?

Essa é uma pergunta muito comum em torno dos assuntos sobre como se melhorar a depressão aguda e a depressão crônica. 

Mas a resposta é sim, a depressão tem cura, porém, ela precisa ser tratada da maneira correta e com o acompanhamento de um médico psiquiatra. 

Por isso, é importante que as pessoas sigam todas as recomendações médicas, pois só ele saberá indicar a melhor forma de tratamento para cada grau de depressão. 

Como é o tratamento para a depressão

O tratamento para a depressão é um dos tratamentos para transtornos psicológicos que mais tem efeitos positivos quando bem conduzido. 

O tratamento para quadros depressivos de nível leve, muitas vezes são tratados apenas com terapias, sem necessidade de medicações, e tem muitos resultados positivos. 

Porém, se for necessário o uso de alguma medicação, apenas o médico psiquiatra será responsável por prescrever essas medicações. Os quadros depressivos mais graves, normalmente são tratados com a combinação de terapias e com as medicações.

Além disso, em muitos casos, terapias podem ser feitas em família, para que a família saiba lidar com uma pessoa que está passando pela depressão.

Suicídio é uma fraqueza?

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Falar sobre os suicídios relacionados aos quadros depressivos é um assunto sempre muito delicado, mas ao mesmo tempo é importante que falemos sobre isso. 

Ao contrário do que muitas pessoas pensam, quem comete o suicídio, ou quem apenas pensa sobre isso, de fato não quer tirar a vida ou simplesmente desistiu de viver.

O suicídio, é apenas uma tentativa de acabar com a dor que a pessoa está sentindo por dentro, e nunca pode ser considerado um ato de fraqueza. 

Quando uma pessoa pensa em suicídio, é sinal de um quadro depressivo grave, e sinal de que essa pessoa precisa de apoio psicológico o quanto antes, e principalmente, apoio familiar. 

Conclusão

Vimos neste guia o que é depressão, dados estatísticos e os tipos de depressão. 

O principal ponto que você deve lembrar é que nunca uma pessoa em quadro depressivo é culpada por ter esse transtorno. 

Além de saber que é importante tanto uma classificação entre depressão leve, depressão moderada e depressão grave, como os tipos de depressão que os sintomas sugerem. 

Um outro ponto importante a se lembrar, é que depressão é uma doença, e não uma tristeza, e nunca será uma fraqueza.

Cuide de sua saúde emocional. 

Se você gostou deste texto deixe um comentário e compartilhe este conteúdo com quem possa se beneficiar. 

CRM-DF 20486
Médico psiquiatra que realiza atividade clínica ambulatorial sob o foco de que cada pessoa é única e deve ser avaliada e compreendida como um todo.

28 Comentários

  1. Muito interessante o senhor abordar esse tema Dr. Luan. Muitos tem esses sintomas e não imaginam que pode ser depressão. Acho muito importante essa abordagem para que possamos adquirir conhecimento através dos seus textos. Excelente!

    1. As pessoas quase nunca pensam que a depressão tem vários tipos, é muito importante essa especificação para melhorar as estratégias do tratamento.

  2. Não sabia que existiam todos esses tipos de depressão. Os textos do Dr.Luan ajudam bastante a esclarecer nossas dúvidas. Muito bom!

  3. Eu recebi o diagnostico de depressao "de inverno" em 2016 quando morei na Inglaterra, que terror, não fico bem nesses períodos. Na epoca nunca tinha ouvido falar, obrigado por trazer isso

  4. Ótimo texto! Na minha família temos algumas pessoas com depressão e achei muito interessante o senhor explicar os tipos de cada uma delas.

  5. Esses tipos de texto são importantes para nos conscientizar e assim procurar um profissional para iniciar os tratamentos. É necessário procurarmos AJUDA de um psiquiatra. O texto está bem esclarecido.

  6. Meus pais tem depressão e só sabemos como é importante procurar ajuda quando temos um familiar ou amigo que tenha depressão ao nosso lado. Não deixem de procurar ajuda! Dr. Luan parabéns pelo texto.
    Tenho certeza que ajudou muitas pessoas com suas explicações.

  7. Muito obrigada por compartilhar seu conhecimento. Depois que tive meu bebê passei por uma depressão. Dois anos depois estou de volta aos mesmos sintomas. Costumo dizer que é um trabalho excepcional e humano que profissionais dessa área fazem. Acho muito importante o diagnóstico e um tratamento individualizado e bem estudado antes de prescrever qualquer medicação

  8. Minha mãe não dorme anoite e as vezes fica agressiva fala coisa com coisa e quando acorda no meio da noite ela quer sair e fica andando será que ode ser crise de pânico por orar sozinha ou será depressão

  9. Sou diaguinosticada com F32
    Não é fácil sinto uma tristeza inesplicavel, uma sensação de angústia que não passa nunca e ainda tenho fibromialgia. Estou pensando em desistir porém tenho um filho o qual sei que depende de mim.

  10. Gostei de saber sobre os vários tipos de depressão e entender mais! Perdi meu irmão por esse motivo. Fui diagnosticado Cid f32.2, e saber mais ajuda a entender a quantas ando.
    Muito útil o artigo !
    Pena que o tratamento público não é eficaz e o particular para algumas pessoas é inviável!

  11. Nossa amei o conteúdo muito esclarecedor,eu tenho depressão já sou diagnosticada , e me sinto muito desamparada.

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