Não é novidade para ninguém a seriedade das doenças psicóticas e do humor, uma vez que elas podem mudar drasticamente a maneira como as pessoas enxergam a si mesmas e os outros ao seu redor.
Existem ocasiões em que essa distorção é tão severa que uma doença como a depressão, que já é bem conhecida, pode desenvolver sintomas próprios de uma psicose.
Essa vertente da depressão é classificada como depressão psicótica e é um dos seus subtipos mais raros.
Aproximadamente, apenas uma a cada quatro pessoas com entrada em um hospital devido a depressão possuem essa condição.
Nesse panorama, a psicose depressiva, outro nome usado para indicar a depressão psicótica, é considerado uma evolução grave da depressão.
A psicose é definida como característica que afeta a mente, fazendo com que haja perda de contato com a realidade.
Dentro da depressão, ela pode ser manifestada de diversas maneiras, como mediante a alucinações de qualquer tipo, desde delírios até dificuldade de conseguir diferenciar o que é real do que não é (como ver ou ouvir coisas que os outros não vêem ou ouvem, por exemplo).
Pelas similaridades com outras doenças, como transtorno esquizofrênico e transtorno bipolar, pode ser confundida com facilidade.
No entanto, é extremamente importante um diagnóstico correto para que seja encontrado um tratamento efetivo.
Continue a leitura do texto abaixo para conferir as principais dúvidas sobre a depressão psicótica.
Índice de conteúdo
Depressão psicótica é quando há um quadro de depressão junto com alguma psicose. A psicose é uma condição na qual uma pessoa começa a ver e/ou ouvir coisas que realmente não existem (alucinações) ou a experimentar ideias falsas sobre a realidade (delírios). Também pode haver pensamento desorganizado ou desordenado.
Sendo assim, por se tratar de um subtipo da depressão, o paciente que tenha este diagnóstico deve apresentar sintomas de depressão maior associado a psicose.
Apesar de a ciência ainda não ter descoberto exatamente as causas da depressão psicótica, é possível fazer uma associação em relação a pessoas que já sofreram com os sintomas da depressão.
Desse modo, os sintomas psicóticos tendem a se desenvolver depois que um indivíduo já teve diversos episódios de depressão.
Ademais, familiares das pessoas que sofrem depressão psicótica podem apresentar maior probabilidade de surgimento do mesmo quadro.
Mesmo que o fator genético influencie na vulnerabilidade biológica da condição, não é determinante para desenvolver a doença, ou seja, não é um fenômeno que será sempre hereditário.
As causas genéticas possuem uma forte influência em relação aos desequilíbrios químicos no cérebro e ao funcionamento dos neurotransmissores.
Além do fator genético, existe alguns outros que podem ser determinantes para o aparecimento da depressão psicótica, como, por exemplo, fatores ambientais, psicológicos, desequilíbrio hormonal e o uso de drogas ou medicamentos.
De modo mais simplificado, os sintomas da depressão psicótica podem variar de acordo com as características de cada paciente.
Entretanto, em um panorama, os mais comuns são:
Além de sintomas de depressão maior que você poderá conferir aqui neste link.
Muitas pessoas não compreendem a diferença entre delírio e alucinação e acabam usando como sinônimos, apesar de não serem.
Quando algum paciente sofre de delírios, o caso mais usual é em relação a criar histórias mirabolantes que em nada condizem com a realidade, mas ele não tem consciência disso.
Já nas alucinações é possível que surja de quaisquer aspectos dos sentidos.
Nessa perspectiva, existem diferentes tipos de alucinação que serão elucidados a seguir.
Normalmente, nesse estado, a pessoa enxerga algo que não existe. Esse tipo de alucinação pode ser vivenciada em outras situações, não apenas na depressão psicótica. Por exemplo, demência, enxaqueca, esquizofrenia e dependência química.
Referente a percepção de sons inexistentes. Nesse caso, não precisa apenas ser vozes com comandos, pode aparecer como forma de assobio ou silvos também.
Se for por meio de vozes, elas podem ser com elogios, palavras críticas ou dizeres neutros.
Outras doenças relacionadas com alucinações auditivas são o transtorno bipolar e a demência.
É possível sim que algumas pessoas aprendam a conviver com as vozes, mas geralmente ocorre com as elogiosas ou neutras, as negativas são casos mais raros.
Esse tipo de alucinação envolve cheirar odores desagradáveis que não existem, tais como: vômito, urina, fezes ou fumo.
Esta circunstância é mais conhecido no meio médico como fantosmia e é definida como a percepção de odores sem que haja estímulo, podendo ser uma capacidade muito aguçada (hiperosmia) ou uma sensação distorcida do olfato (parosmia).
Pessoas epilépticas podem desenvolver essa alucinação.
A pessoa sente que está sendo tocada, mas não está.
É mais associada ao abuso da substância, como a cocaína, anfetaminas e abstinência por uso de álcool.
Essa condição é referente a experiência de um sentimento de mutilação direta no corpo.
Todas as percepções causadas pelas alucinações são bem vívidas, as pessoas que sofrem com a depressão psicótica não conseguem se controlar e nem saber o que não é real.
Outras características do transtorno estão relacionadas a dificuldade de concentração para realizar tarefas e, inclusive, entender o que está sendo dito.
Já em relação ao cenário da tristeza, sintoma bem característico de todas as depressões, na psicótica a pessoa pode se tornar um perigo para ela mesma.
Uma vez que acontece o fenômeno conhecido por “clivagem” ou pensamento ou-tudo-ou-nada.
Essa situação é caracterizada pela impossibilidade de pensar nas qualidades positivas e negativas como partes de um todo.
Assim, esse pensamento não permite o ato de “agir normalmente” e a pessoa não consegue o prazer de pensar nem liberdade e autonomia para elaborar novos pensamentos, como se estivesse “presa” dentro da sua mente.
O que é bem diferente da tristeza ocasional que, geralmente, acontece depois de um evento específico, mas é momentânea e logo passa.
O tratamento farmacológico é o mais recomendado para a depressão psicótica.
Nesse sentido, pode ser usado um antidepressivo isoladamente, um antipsicótico isoladamente ou uma combinação entre os dois, uma vez que é preciso conter os maiores e mais problemáticos sintomas dessa condição: delírios, alucinações e melhora do humor.
Os antidepressivos são usados para favorecer a estabilização do humor do paciente e do estado de alegria, felicidade e bem-estar.
Já os antipsicóticos permitem que o cérebro seja capaz de perceber e organizar as informações ao redor da pessoa, como quando está conversando com um grupo de amigos, familiares, assistindo filme ou em atividades sociais comuns do dia-a-dia.
Normalmente, para os casos de depressão psicótica é pedido que os pacientes fiquem em um hospital, para que possa ser observado os avanços e, também, para garantir a máxima segurança da pessoa com o quadro depressivo.
Quando o tratamento é efetivo a recuperação do paciente pode vir, inclusive, em um prazo de poucos meses.
Outro método pode ser usado para tratar a doença. O artigo intitulado de “Terapia cognitivo- comportamental para depressão com sintomas psicóticos: Uma revisão teórica” investigou a terapia cognitivo-comportamental (TCC) no tratamento da depressão com sintomas psicóticos
A TCC é um método que utiliza de abordagens terapêuticas para o tratamento da depressão leve e moderada, quer seja oferecida de forma independente ou em combinação com psicofármacos.
No entanto, para a depressão psicótica, a psicoterapia só será uma alternativa eficaz caso seja acompanhada por um tratamento medicamentoso (antidepressivo e/ou antipsicótico).
A combinação entre a psicoterapia e os medicamentos promovem melhora nos níveis de ansiedade, desesperança e ideação suicida.
Além disso, a frequência e a força dos pensamentos automáticos negativos são diminuídas e isso implica uma consequência positiva no funcionamento biopsicossocial dos pacientes.
Em outras palavras, isso significa que será analisado o conceito mais amplo que atribui causas as doenças utilizando-se de fatores biológicos (genéticos, bioquímicos), fatores psicológicos (estado de humor, de personalidade, de comportamento) e fatores sociais (culturais, familiares, socioeconômicos, médicos).
Nessa perspectiva, o trabalho do terapeuta cognitivo-comportamental, independente do quadro clínico que tenha assumido, requer a construção de uma conceituação cognitiva
Ou seja, conforme apareçam novos dados clínicos importantes, a conceituação cognitiva será modificada e atualizada para melhorar a eficácia do tratamento, pois essa técnica assume que os problemas atuais e os fatores estressores precipitantes contribuem para o agravamento de condições psicológicas ou que tem capacidade de interferir na habilidade de resolvê-la.
É por esse motivo que as prioridades no tratamento de pacientes com depressão psicótica são: ideação e conduta suicida, sintomas do espectro da depressão e sintomas psicóticos (delírios e alucinações).
Para isso, o estudo utilizou de algumas estratégias oriundas da terapia cognitivo-comportamental para o manejo da depressão psicótica. Observe:
Essa técnica quando relacionada ao depressivo com sintomas psicóticos está relacionada a um modelo de tratamento que auxilia o paciente a conhecer e entender sobre a sua doença.
O terapeuta, na psicoeducação, precisa estar presente durante todo o processo para poder explicar o modelo do qual paciente está sendo submetido e, também, para esclarecimentos de como os pensamentos produzem sentimentos, além das reações físicas e comportamentais.
Essa intervenção ajuda muito o paciente, pois se os sintomas aparecerem na terapia, o paciente saberá que reações esperar.
De modo geral, essa técnica possibilita uma ativação comportamental.
Dessa forma, o tratamento objetiva restaurar a taxa de respostas contingentes ao estado positivo a um nível adequado.
Em outras palavras, o Agendamento de Eventos Prazerosos busca melhorar a frequência, a qualidade e a quantidade das interações sociais do indivíduo com depressão psicótica.
Isso é feito por meio de treinamento de habilidades sociais e o uso da agenda diária com propostas de atividades prazerosas.
Para o terapeuta construir essa agenda de eventos prazerosos, ele pode usar de inventários prontos ou pode questionar diretamente o paciente sobre os eventos que ele julga que lhe davam prazer antes da depressão.
É nessa hora que uma boa relação entre profissional e paciente é essencial, pois o doente precisa ter coragem e confiança no terapeuta para conseguir contar a verdade para ele.
Uma vez descoberto esses “estímulos positivos” para a agenda, o terapeuta irá trabalhar com o intuito de auxiliar o paciente a elaborar um registro diário sobre as atividades que gostava e fazia ou que não gostava.
Esse reconhecimento é muito importante, pois depois que essas atividades são reconhecidas e determinadas como prazerosas pelas pessoas com depressão psicótica, geralmente, o humor delas muda, assim como a disposição e o sentimento de “vitória”. O paciente depressivo, normalmente, apresenta crenças de que não será capaz de terminar tarefa alguma
A técnica do registro de pensamentos disfuncionais consiste em treinar o paciente depressivo a anotar sobre todos os pensamentos disfuncionais.
Com isso é possível identificar os pensamentos automáticos e crenças disfuncionais dos pacientes, logo auxilia com sintomas psicóticos e depressivos de cada paciente.
Esse método é usado para entender o que forma e mantém os sintomas psicóticos.
Sendo assim, a normalização faz uma associação entre o conteúdo delirante ou alucinatório e a história de vida do paciente, para assim compreender a vulnerabilidade do paciente e, consequentemente, poder ajudá-lo a promover mudanças ou desenvolver um processo de adaptação.
Esse procedimento baseia-se na premissa de que as alucinações e delírios ocorrem em um contexto social e subjetivo, e que esses sintomas assumem significado caso sejam acompanhados por uma reação emocional.
Nesse panorama, muitos pacientes com depressão psicótica estão inseridos em uma situação de estresse constante e não conseguem mobilizar esforços saudáveis para lidar com as emoções geradas nesses momentos, uma vez que não tem controle nem da própria realidade ao redor deles.
Sendo assim, a estratégia de enfrentamento oferece uma possibilidade de mudança para diminuir a sobrecarga.
Esse método possibilita a reestruturação das crenças disfuncionais, relacionadas aos sintomas psicóticos.
Assim, é preciso incentivar o paciente a construir novas crenças mais funcionais para poder ativá-las futuramente, e logo ser capaz de se enxergar como um indivíduo com qualidades e possa se perceber de uma forma diferente.
Para que isso aconteça, é preciso cinco passos com atividades pré-estabelecidas antes:
Portanto, fica claro que alguns pacientes diagnosticados com depressão psicótica podem ter uma maior dificuldade para lidar com os problemas e podem, inclusive, ser incapazes de cuidarem de si mesmos.
Caso essa doença não seja devidamente tratada, a pessoa com quadro depressivo psicótico pode machucar a si mesma ou outras pessoas.
Por mais que perder o contato com a realidade seja uma situação muito difícil, o apoio da família e dos amigos é essencial para o processo de recuperação.
A depressão psicótica é um transtorno que tem tratamento e, se ele for seguido estritamente segundo a recomendação médica, com o auxílio do medicamento certo e da psicoterapia, há esperança para ter qualidade de vida novamente.
Não deixe de procurar um médico caso esteja sentindo os sintomas e comenta aqui embaixo se esse texto foi útil para você.
Obrigado doutor pelas explicação sobre essa transtorno na mente pois estou com uma.pessoa na igreja onde sou pastor que está fazendo tratamento e sempre pede conselhos sobre o que fazer,o senhor está de parabéns pela explanação do assunto me ajudando a tirar algumas dúvidas sobre tá.
Parabéns pela matéria!Esclareceu todas as minhas dúvidas
GOSTEI DA MANEIRA COM QUE ESCREVEU A RESPEITO, COM BASTANTE CLAREZA.
Obrigado Doutor mim tirou muitas dúvidas , porque estou vivendo esse problema com um familiar muito querido mais uma vez obrigado pelas dicas nformacoes ...
Obrigada, consegui entender, estou com um familiar passando por esse processo, me ajudou muito as explicações.
Dr tive depressão psicótica, por ser policial e estava sendo perseguido pelos superiores adquiri essa condição,hoje faço tratamento na fase do desmame,, mais fico ansioso para a voltar a trabalhar normalmente na profissão que amo,será possível?
Amei,o artigo tb tem uma pessoa no meu convívio que está em tratamento tem dias bem,dias muito deprimida fazendo uso da medicação cloropromina +duolexitina+naproxeno+ondasetrona manipulado
E se no serviço a pessoa sofre preconceito por ter depressão psicótica como lidar com isso
Muito bom conteúdo. Bastante exclarecedor.
Olá,
Tenho transtorno Depressivo pisicotico, ou Depressivo com quadro pisicotico não sei, acredito que os profissionais que me atende não são transparente sobre o meu caso, ou seja eles mais do que ninguém sabem como funciona minha mente, que eles pouco falam pra mim sobre o caso, sou eu que fico perguntando e aos poucos tendo respostas, aí vou juntando com minha realidade, como eu vivo, eu me cobro demais e não faço absolutamente nada por mim, minhas cobranças me cansam.
Bom dia
Conteúdo muito bom. Me ajudou muito tirando minhs dúvidas sobre o caso e também como cuidar do meu esposo que se encontra nessa situação.
Muito obrigado, venho tendo sintomas de depressão ultimamente e da última vez esses sintomas também estavam presentes, fico feliz de saber que posso voltar a ter qualidade de vida.
Olá a todos , meu filho tem esse tipo de depressão não está sendo fácil pra mim como mae reconhecer essa situação tento não mentalizar, mas digo não negligencio a doença só tento pensar que isso vai ter melhora e muito triste e pesado , sinto medo do pior ,ler esse artigo foi muito útil Dr:! Pois me ajudou a entender mais sobre a doença já fomos ao especialista estamos dando seguimento ao tratamento fármaco e psicoterapêutico,tento mostrar pra ele que estou bem falo sempre positivamente, mas sem fugir da realidade pra ele saber que estou ali , más tá muito difícil pra mim no silêncio onde ninguém está me vendo me sinto destruída e culpada,de toda forma obrigado por escrever esse esclarecimento da doença.
Estou passando por este mesmo problema com minha filha,teve uma crise deverá,fiquei muito assustada,ela está passando com psquiatra,faz pouco tempo, vou passar ela no neuro hj, será q vamos conseguir vencer?
Não sou especialista no caso,por tanto, com base nas experiências acho que é muito importante a família fazer acompanhamento também, para justamente não ficar com essa culpa.
Conheço uma mãe que ficou deprimida também,pois sentia culpa na condição da filha.Fica a dica.Um beijo,e um abraço apertado nesse momento,Adriana!
Muito bom. Bem explicativo.
Fiquei sabendo hj que estou com depressão psicótica, estou até meia atordoada , mas gostei muito da explicação.ja fui em 2 neuro. Um falou uma coisa , outro ,outra
Conteúdo excelente!!!
Eu quero parabenizar e agradecer a você Dr por esse conteúdo tão claro e objetivo. Com certeza me ajudou a saber como prosseguir nós cuidados de alguém e por onde devo começar.
Parabéns pelo trabalho!
Fico feliz que tenha auxiliado.
Belo texto parabéns.
Para essa situação qual seria o medicamento q um médico deveria passar?
Medicamentos com ação antipsicótica e medicamentos com ação antidepressiva.
Meu filho de 13 anos tem depressão pisicotico no começo não estava tendo melhora mais aí depois de uns meses começou fica bem só que agora voltou as aulas e não anda muito bem não sei mio que fazer pois faz tratamento e toma dois remédios o fluoxetina e o respiridona
Minha filha de 27 e gestante de 8 meses hj diagnósticada com esse problema a psiquiatra passou certralina e olonzarpina
Muito bom sua explicação, tenho 3 pessoas da minha família que está em tratamento, mas pra min é uma situação difícil pois tenho que esta atenta a todo momento pois tem que toma a médicao e as vezes eles não que tomar
Boa tarde
Tenho um amigo que tem depressão psicotica grau 3, gostaria de mais informações, ele diz não tem mais tempo, está morando, gostaria de ajudá-lo, só que não sei como!.
Amei o conteúdo.. nunca tinha tido problema psiquiátrico.. hoje passo por isso e é muito ruim .obrigada pelo texto.
Tenho depressão psicotica, tenho muito medo que os meus filhos tenham essa doença.