Todos os relacionamentos possuem seus desafios e o relacionamento amoroso com uma pessoa bipolar não seria diferente.
Entre as doenças psiquiátricas mais faladas dos últimos tempos, podemos destacar o transtorno bipolar. Mas você sabe o que é essa doença? E como o transtorno bipolar pode afetar relacionamentos?
Continue lendo para saber como lidar com o transtorno bipolar no relacionamento, caso você ou seu parceiro tenham.
Índice de conteúdo
O Transtorno Afetivo Bipolar é uma condição de saúde emocional que pode afetar várias pessoas, são pessoas que quando cuidadas adequadamente levam uma vida normal tanto no âmbito profissional quanto amoroso.
Conviver com o transtorno bipolar afetivo com certeza traz grandes consequências para o cotidiano e isso pode ser visto nos relacionamentos.
Essas grandes mudanças de humor podem dificultar a comunicação e a socialização. Embora os sintomas do transtorno bipolar possam ser controlados com medicamentos e psicoterapia, eles ainda podem prejudicar os relacionamentos, talvez especialmente os românticos.
Durante os episódios maníacos, uma pessoa com transtorno bipolar pode ter uma quantidade incomum de energia e pode não conseguir dormir ou ficar quieta. Ao passar por episódios depressivos, uma pessoa com transtorno bipolar pode parecer cansada e triste. Eles podem não querer sair ou fazer coisas.
São muitos estigmas e termos incorretos quando o assunto é Transtorno Bipolar. Sempre sou questionado no consultório se uma pessoa bipolar é perigosa, como lidar com uma pessoa bipolar e o que é uma pessoa bipolar.
O primeiro ponto é que precisamos corrigir a crença de que pessoas que mudam de opinião, pensamentos e sentimentos são pessoas bipolares.
Ou seja, acredita-se que estar feliz em um dia e no outro triste é “ser bipolar”, mas não é assim.
Para receber o diagnóstico de transtorno bipolar, é preciso cumprir uma série de critérios diagnósticos feitos por um médico psiquiatra.
As estatísticas mostram que os transtornos bipolares podem atingir apenas 4% da população.
Em geral, para ter um transtorno bipolar, é preciso apresentar uma fase de estado de ânimo muito elevado, comportamentos impulsivos que envolvam grandes gastos, planos ou mudanças radicais, e pouca necessidade de dormir, um excesso de projetos e atividades durante pelo menos duas semanas.
Sendo assim, estar muito feliz ou triste em um dia e no outro não, não é ter transtorno bipolar; nós podemos ter mudanças no humor ou características da personalidade díspares sem que isso seja uma patologia mental.
Alternado a esses sintomas de humor muito elevado, o paciente pode experimentar estados depressivos profundos, ou até estados mistos onde se mistura sintomas de euforia e depressão, o que confunde muito não só o companheiro, mas o próprio paciente.
Antes de tudo é importante compreender que para se diagnosticar o transtorno bipolar é necessário a avaliação de um médico psiquiatra ou um psicólogo, não use informações da internet para inferir tal diagnóstico, pois isso pode causar mais conflitos em seus relacionamentos.
É claro que existem pontos importantes para se identificar para estimular seu parceiro ou parceira procurar ajuda e avaliar se as oscilações de humor correspondem a uma possível bipolaridade.
Nem toda oscilação de humor é um transtorno bipolar.
É importante salientar que humor linear, totalmente equilibrado (eutímico) é algo que basicamente ninguém tem.
Eu não tenho, você tem?
Todos nós apresentamos oscilações em nosso estado de humor devido a fatores externos e até a fatores de ordem interna (como a TPM nas mulheres, problemas de tireoide, uso de substâncias ou estimulantes).
Entretanto, estas oscilações não configuram necessariamente em um quadro de bipolaridade. Não raro podemos acordar bem, e ao final da tarde estarmos de mau-humor. Essa oscilação ao longo de um dia não é transtorno bipolar.
No transtorno bipolar, as pessoas alternam entre períodos de muito bom humor (mania) e períodos de irritação ou depressão. As chamadas “oscilações de humor” podem ser muito rápidas e ocorrer com muita ou pouca frequência.
Os sintomas do infográfico são mais comuns em pessoas que tem o tipo 1 da doença bipolar. No tipo 2, os sinais são similares, mas menos intensos.
Não existe somente um tipo de transtorno bipolar, pois eles vão afetar em diferentes níveis o humor, a energia, e o cotidiano da pessoa!
É importante lembrar que não existe cura, mas sim um tratamento que pode fazer com que a pessoa viva de forma funcional e sem o indício de sintomas por muito tempo.
Se você tem transtorno bipolar, pode já estar familiarizado com o impacto que sua condição pode ter em um relacionamento amoroso. Você pode se sentir nervoso sobre começar um novo relacionamento e encontrar o momento “certo” para contar ao seu parceiro que você tem transtorno bipolar.
Essas preocupações são compreensíveis, mas é importante ter em mente que você pode ter um relacionamento romântico saudável. Para ter a melhor chance de sucesso em um novo relacionamento, certifique-se de se comunicar abertamente e seguir seu plano de tratamento.
Conte ao seu companheiro ou companheira sobre seu tratamento.
Sempre me perguntam quando seria o momento ideal, costumo dizer que após observar que o relacionamento tende a ser sério e existe a ideia de levá-lo para o longo prazo.
Também é útil dizer a eles o que você costuma fazer para controlar seu humor. Dessa forma, seu parceiro não ficará surpreso quando você tiver um episódio de humor. Eles podem até ser capazes de ajudá-lo a superar isso.
Siga o plano de tratamento de seu médico psiquiatra e de seu psicólogo.
Talvez a melhor maneira de reduzir o estresse no relacionamento seja seguir seu plano de tratamento. Isso pode ajudar a minimizar seus sintomas e reduzir a gravidade de suas mudanças de humor.
Discuta seu plano de tratamento com seu parceiro para que ele possa ajudá-lo a se manter no caminho certo.
Mantenha uma linha de comunicação aberta.
Diga ao seu parceiro quando você sentir uma mudança de humor, para que ele não se assuste com uma mudança repentina em seu comportamento.
Além disso, esteja aberto para eles quando disserem que notaram que seu humor está “diferente”. Muitas vezes, outras pessoas podem ver mudanças em nosso humor quando nós não podemos.
Seja honesto.
Se você estiver tendo um episódio grave e lutando com seus sintomas, não hesite em notificar seu parceiro e pedir ajuda quando precisar.
Uma intervenção no início ajuda muito seu médico a estabilizar o quadro rapidamente.
Por exemplo, se você está passando por um episódio depressivo e não tem vontade de sair de casa, explique isso ao seu parceiro em vez de dar uma desculpa para ficar em casa.
Esta é a primeira coisa que você deve fazer ao iniciar um relacionamento com alguém que tem transtorno bipolar. Leia sobre a condição para entender com o que seu parceiro ou parceira está lidando - e com o que você lidar
Questione sobre como são os momentos em que o humor se altera.
Pergunte ao seu parceiro como ele age durante as mudanças de humor e o que ele faz para controlá-lo. Também é bom perguntar a eles o que você pode fazer para ajudá-los durante esses episódios.
Busque ter paciência e compreensão.
Pode ser frustrante se as mudanças de humor de seu parceiro interferirem em seus planos de namoro.
Quando os tempos ficarem difíceis, respire fundo e lembre-se de que é a condição - não o seu parceiro - que está causando sua frustração.
É importante cuidar de si também, para que as emoções sobre essa situação não te adoeça.
Abertura na comunicação.
É importante se comunicar abertamente com seu parceiro. Diga a eles como você se sente, não esconda suas emoções também, mas nunca os culpe por sua desordem.
Apoie o tratamento.
A melhor chance do seu parceiro para controlar sua condição está em seguir o plano de tratamento.
Você pode mostrar seu apoio a eles, ajudando-os a seguir o plano de tratamento criado por pelo médico psiquiatra.
Obtenha suporte quando precisar.
Às vezes, você pode precisar de ajuda para lidar com a condição de seu parceiro e o efeito que isso está tendo em seu relacionamento.
Certifique-se de ter seu próprio sistema de apoio de amigos e entes queridos que possam fornecer suporte e encorajamento quando você precisar.
A depressão faz parte do ciclo de altos e baixos que vêm com o transtorno bipolar . Isso impede que a pessoa sinta as emoções de forma equilibrada o que pode dificultar a realização das coisas de que precisa ou deseja.
Mas o tratamento certo pode fazer uma grande diferença. Existem muitos tipos de terapias para a depressão bipolar que funcionam muito bem.
O que mais ajuda?
Acompanhe os sintomas de seu parceiro(a) ao longo do tempo. Isso pode ajudá-lo a saber quando uma mudança de humor está chegando, para que você possa lidar com isso logo.
Seu parceiro(a) pode ter todos os sintomas citados no infográfico ou alguns deles. Alguém com transtorno bipolar às vezes pode se sentir muito triste, mas também cheio de energia.
O sinal mais seguro de uma fase de depressão é que você se sente para baixo por um longo tempo - geralmente, pelo menos, 2 semanas. Você pode ter esses episódios raramente ou várias vezes por ano.
O passo mais importante que você pode tomar é incentivar a outra pessoa a iniciar e permanecer em um plano de tratamento bipolar .
Caso já realize seguimento com médico psiquiatra, marque a consulta o mais rápido possível, caso ainda não tenha ido, agende a primeira consulta.
O médico psiquiatra pode prescrever alguns tipos diferentes de medicamentos, incluindo estabilizadores de humor, antidepressivos e antipsicóticos.
A psicoterapia também pode ajudá-lo a controlar o estresse e reconhecer seus sintomas mais cedo.
Outro tipo de terapia, chamada terapia cognitivo-comportamental, ensina boas maneiras de lidar com os pensamentos negativos que vêm com a depressão.
Você também pode incentivar seu parceiro(a) tomar outras medidas para combater a depressão:
Você pode se sentir muito ansioso(a) perto de uma pessoa com transtorno bipolar que está tendo um episódio maníaco.
O alto nível de energia pode ser cansativo ou até assustador. Até porque muitas vezes a pessoa também pode realmente gostar da mania e não tomar medicamentos, o que pode prolongar o episódio e seus riscos.
Além disso, a pessoa pode dizer e fazer coisas incomuns ou prejudiciais. Você pode ajudar durante um episódio maníaco fazendo o seguinte:
Recebo muitos familiares de pacientes com transtorno bipolar, angustiados e se questionando como poderiam ajudar.
Observo que as pessoas não têm certeza do que fazer ou como podem ajudar.
Bem, não é tão diferente do que se eles estivessem sofrendo de uma doença física: esteja lá para eles, ouça e ofereça ajuda com as coisas que eles precisam ser feitas.
Inclusive meus textos podem ser aprimorados constantemente, então se você tem alguma dica adicional das 10 citadas, nos deixe nos comentários que será um prazer incluir.
As dicas práticas mais importantes em como ajudar uma pessoa bipolar são:
Pode ser difícil ouvir sem dar conselhos, mas às vezes ser ouvido é mais importante do que resolver o problema.
É reconfortante saber que você está ali, mesmo que a pessoa não tenha vontade de falar no momento.
Às vezes, o que parece uma tarefa simples pode ser assustador e opressor. Ofereça-se para ajudar em coisas simples do dia-a-dia.
Ou talvez eles precisem de ajuda para pegar seus filhos na escola, peça para ver em que você pode ajudar na rotina diária, já que sabemos que o estresse é um fator de instabilização.
Às vezes, as pessoas com transtorno bipolar, depressão em particular, podem se isolar. Tente encontrar algo que gostem e que possam fazer juntos, como comer alguma coisa, ir ao cinema ou passear ao ar livre.
Continue convidando-os, mesmo que recusem. A ansiedade social ou outras razões podem impedi-los de aparecer, mas eles vão gostar de ser incluídos.
Às vezes, as pessoas precisam de um tempo sozinhas, e isso não significa que estejam com raiva de você. Tente não levar para o lado pessoal e respeitar o espaço deles.
Em várias partes do Brasil existem grupos de apoio; se ofereça para ir com ele(a) especialmente se eles nunca estiveram em um grupo de apoio antes, eles podem ficar nervosos sobre irem sozinhos.
Pode ser mais fácil ir se eles tiverem um amigo/familiar de confiança com eles. E mesmo se eles não quiserem que você vá com eles, eles provavelmente apreciarão sua oferta.
Deixe-os saber que suas vidas têm significado. A doença não os define e não deve limitá-los. Que com o tratamento adequado é possível ter uma vida estável e com plenitude.
Mesmo que não seja o mesmo plano de tratamento que você escolheria para si mesmo. Encoraje-o aos cuidados psicológicos e no tratamento com o médico psiquiatra.
Quanto mais você aprende, melhor será capaz de entender e se comunicar sobre ele(a). Você começou bem ao ler este artigo!
Por fim, empatia é fundamental, às vezes queremos tão bem as pessoas que amamos que não respeitamos o tempo e o processo do outro, assim, acabamos atrapalhando todo o processo.
Ofereça sempre ajuda empática.
A primeira consulta para o tratamento deve ser feita com o médico psiquiatra, que vai fazer o diagnóstico correto, e passar a medicação e a dosagem de acordo com as características de cada paciente.
Lembrando que esse processo de levar o paciente ao consultório nem sempre vai ser fácil por conta da fase de hipomania, ou mesmo por ser confundido apenas com a depressão.
Além da medicação é importante e extremamente necessário ter o acompanhamento semanal de um psicólogo.
Se você gostou do artigo ou conhece alguém que já passou por isso, me conte nos comentários.
Gostei muito deste artigo, me ajuda, pois meu marido é bipolar.